Coleção (Re)Contos

Uma história por trás da história:

Este conto pode ser encontrado, em outras versões, sob os títulos de ‘o pote quebrado’ ou ‘o pote rachado’ em língua portuguesa ou no idioma inglês como ‘the cracked pot’. Trata-se de uma história cuja origem se perde no tempo e não pode ser rastreada com precisão. Algumas fontes atribuem sua origem a um conto indiano, entretanto há também evidências de se tratar de um conto chinês antigo cuja moral remete a ensinamentos do TAO. Independente de sua origem, e apesar da sua idade avançada, a história continua atual e inspiradora de gerações.

E uma mensagem...

Cada um de nós temos nossas próprias imperfeições e defeitos. Somos como potes ou baldes rachados. Mas são as rachaduras e falhas que cada um de nós tem que torna nossa vida juntos tão interessante e gratificante. O desafio é tomar cada pessoa pelo que ela é e procurar o que há de bom e especial em cada uma. Há muitas coisas boas por aí. Há muito de bom em nós! Lembre-mo-nos de valorizar todas as diferenças em redor de nossas vidas!

Uma história por trás da história:

Este conto tem sua origem incerta e algumas versões já foram publicadas em várias linguas com algumas personagens marcantes. A origem mais antiga que se conseguiu rastrear remete a uma primeira versão da história publicada em 1720, na lingua francesa por uma escritora também francesa(Madame du Noyer), mas que estava exilada na Holanda e cuja obra foi publicada um ano após sua morte sob o título “Soupe au Caillou”. Esta primeira versão se passa na Normandia (região norte da França) e tem como personagens centrais dois supostos jesuítas que apresentam a sopa para as crianças, que estão sozinhas na casa naquele momento, e acabam ludibriando elas. Uma outra versão francesa, resurge publicada em 1771 e assinada por Phillipe Barbe, estabelece outro ritmo e ênfase à história que passa a não ser centrada na sopa, mas no dinamismo e habilidades do ‘pedinte’ que entretem a todos com a sopa de pedra em troca do alimento que a própria sopa dá. Posteriormente, em língua inglesa, duas variações da ‘Sopa de Pedra’ foram publicadas pela primeira vez em inglês. Uma na Inglaterra (no The European Magazine: and London Review) e outra nos Estados Unidos (no The American Magazine of Wit‬) ambas no mesmo ano, em 1808. Enquanto a versão britânica se passa na Suiça, a versão dos EUA apresenta-nos Jezebel, esposa de um fazendeiro que é enganada por dois viajantes famintos que pedem para fazer a tal sopa usando todos os ingredientes da cozinha dela. Em lingua portuguesa, uma versão consagrada deste conto se popularizou no século XX com a ajuda da personagem portuguesa, de origem centenária, ‘Malasartes’ (também grafado como ‘Malazartes’). ‘Malasartes e a Sopa de Pedra’ trata de uma figura que é exemplo da esperteza e que não se sente nenhum pouco culpado em usar a mentira para enganar outras pessoas em proveito próprio.

(De acordo com o pesquisador da cultura brasileira Câmara Cascudo, "Pedro Malasartes é figura tradicional nos contos populares da Península Ibérica, como exemplo de burlão invencível, astucioso, cínico, inesgotável de expedientes e de enganos, sem escrúpulos e sem remorsos.")


E uma mensagem...

No final a aldeia começa a prosperar, comendo e convivendo alegremente ao redor da sopa que todos ajudaram a fazer. Confraternizando e compartilhando. Cada um traz o que tem e coloca no panelão o que pode, transfomando a si, aos outros e à sopa de pedra com pequenas atitudes de boa vontade e um pitada de bom-humor. Afinal, por vezes estamos tão envolvidos em nossos próprios problemas e afazeres que dedicamos pouca ou nenhuma atenção a quem está próximo de nós e talvez precise de algo, às vezes tão simples quanto um sorriso, um abraço ou um olhar. Ao fim e ao cabo, é apenas mais uma das histórias sobre a natureza da felicidade e o valor de compartilhar.

(Revelação: receita escrita pelos mestres viajantes é verdadeira e, a exceção da pedra, trata-se de um brodo tradicional da pequena cidade de Noepoli que fica na região da Basilicata ao sul da peninsula italiana.)


Uma história por trás da história:

Não foi possível rastrear as origens do conto que inspirou este livro autoral ‘O Baú das Respostas’. A motivação surgiu de um ensinamento folclórico, que remete a rituais de congregações tradicionais e antigas de cunho tanto religioso quanto, também, ecumênico. Uma versão maçônica dá conta de um líder que assume novo posto numa congregação. Como ninguém aparecesse na primeira reunião, manda avisar à irmandade da morte da congregação, convidando a todos para as honras e pompas fúnebres na próxima reunião. Curiosos, todos os membros da comunidade comparecem no encontro marcado. E, após as falas do líder, vão, um a um, “prestar sua homenagem” diante do caixão. Qual não é a surpresa, e vergonha, de todos em conhecer os responsáveis pela “morte” da congregação. Encontrando seu reflexo num espelho cuidadosamente colocado dentro do caixão. A ação surte efeito. Na reunião seguinte todos estão presentes novamente fazendo a congregação renascer numa egrégora.


E uma mensagem...

Por vezes, não somos capazes de determinar com total certeza aquilo que nos tornará verdadeiramente felizes. Ao invés disso, em vez de tentarmos constantemente alcançar coisas que acreditamos que nos farão felizes, talvez a virtude da felicidade esteja em nos concentrarmos em agir da melhor maneira possível para conosco e com nossos semelhantes, olhando para dentro de nós mesmos buscando o que é certo e bom. Assim, a felicidade passa a não estar em coisas externas a nós, mas pode ser exercida externamente por meio de ações internas de cada um. A felicidade, portanto, depende de nós mesmos e ninguém, tem o direito de nos fazer sentir tristes sem nosso consentimento.